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Por que as crianças mentem? – O Papel dos Pais {Parte 2}


Muita gente passa a vida inteira pensando em como não vai repetir os erros dos pais, e finalmente chega o momento de fazer diferente. A maternidade/paternidade chega e nunca ninguém está totalmente preparado para isso. Apesar dos livros, palestras, vídeos, criar um filho é uma experiência única, que nunca se repete da mesma forma. Os pais adquiriram alguns hábitos sem perceber e os filhos podem aprender os mesmos hábitos, mesmo que não seja intenção dos pais.

Mesmo os pais procurando ter um tempo para si só, seja o romântico à dois ou aquele momento individual, a maneira em que os filhos mais aprendem é observando, e eles observam até esses momentos que os pais estão a sós. Seja na preparação para sair ou na reclusão do seu quarto, eles observam porque estão totalmente vinculados aos pais.

É muito importante para os filhos terem vínculos com os pais. O que é o vínculo? É uma ligação entre os pais e os filhos, como aquela relação gostosa entre eles em que o filho se sente confortável perto dos pais, que os filhos contam as coisas para os pais, que eles se sentem a vontade para perguntar algo, por exemplo.

Em uma boa relação também existe a confiança. E confiar envolve ser sincero um com o outro. Então, uma mãe que confia no filho é aquela que acredita no que ele fala quando ele diz que fez algo ou diz com quem estava, ela acredita nele.

A relação de confiança dos filhos com os pais é extremamente benéfica e saudável, principalmente quando os pais querem ensinar algo aos filhos. Os filhos confiam no que os pais falam, mas, além disso, eles observam o que os pais fazem e, por terem um bom vínculo e uma boa relação de confiança, eles acreditam que aquilo é o certo a ser feito.

A criança aprende observando. Desde pequena ela imita os hábitos de quem está ao redor – a menina carregando a boneca pode ser ela imitando a mãe carregando os filhos; ela arrumando o carro pode ser imitando o pai; pode aprender a comer comidas saudáveis vendo os pais e irmãos comendo; aprender a escovar os dentes diariamente e usar fio dental observando os mais velhos – os pais são a principal referência que os filhos têm, com quem tem os primeiros aprendizados.

Eles aprendem como falar, como solucionar problemas, como irão se alimentar. Já falamos aqui no blog os possíveis motivos que levam as crianças a mentir e as idades que costuma acontecer, mas também é importante saber o papel que os pais têm sobre isso, e a importância do exemplo.

Um outro motivo que pode levar a criança a mentir é quando os pais têm esse hábito. Para as crianças, os pais são referência. As crianças se espelham no comportamento dos pais, no seu modo de se vestir, em sua profissão… Os conselhos que os pais dão para eles são importantes, mas a maneira como os pais vivem os comportamentos do dia-a-dia têm um grande impacto.

Então, como primeiros modelos na vida de uma criança, os pais têm um papel importantíssimo ao demonstrar honestidade. Quantos pais já mentiram para que o filho parasse de chorar ou para conseguir que ele fizesse alguma tarefa? Ou ao tomar uma injeção disseram que não iria doer? Ou perceberam que a criança estava mentindo e deixaram passar?

Mesmo sendo por uma “boa causa”, isso afeta a relação de confiança e vínculo entre pais e filhos e transmite uma mensagem de contradição entre o que é dito e o que é feito, além de reforçar o comportamento, fazendo parecer que mentir é algo natural.

Então, quando os pais perceberem que o filho mentiu, é importante deixar isso claro para ele. Assim, a criança irá perceber que a mentira não é um comportamento admirado dentro de casa.

Também há as mentiras para “proteger”, como, por exemplo, sobre a morte. Nessas situações os pais costumam mentir às crianças achando que elas não estão preparadas para saber a verdade, e acabam dizendo que a pessoa foi viajar, que virou estrelinha, entre outras coisas.

Claro que os pais querem livrar os filhos de qualquer sofrimento, mas certas dores fazem parte do crescimento, e mentir pode piorar quando a criança descobrir a verdade futuramente. Em casos como esse, é possível falar sem a necessidade de mentir, podendo adaptar para uma linguagem simples, adequada ao nível de entendimento dela.

Ao mentir para a criança, os pais perdem uma oportunidade de conversar abertamente sobre o assunto, de educar e ensinar valores importantes para o desenvolvimento dela.

Conforme as crianças crescem e amadurecem, elas adquirem um maior senso de etiqueta/regra social. Cabe aos pais ajudá-las a diferenciar o poder da sinceridade e o tato em não machucar os outros, porque você tem um gosto diferente dela, e a desonestidade. Há quem acredite que mentira não deve ser justificada e que é preciso dizer a verdade sempre. Isso vai depender da dinâmica familiar.

Segundo Içami Tiba, o exemplo dos pais prevê constância, coerência e a consequência. Constância significa que o cuidador sempre se comportará da mesma forma, independente de onde esteja. Coerência é quando todos da casa (pai, mãe) se comportam da mesma forma em relação a um ato da criança. Ela entende, assim, isso como um valor. Consequência é como o cuidador age diante de um ato do filho.

Além disso, os filhos confiam muito nos pais, então quando estes mentem, eles se sentem muito decepcionados, pois a pessoa de maior confiança, a pessoa mais importante, deixou eles acreditarem em algo que não era verdade.

Ou seja, da mesma forma que seus pais agiam de modo que um dia você possa ter achado incoerente, cuide para que você não aja da mesma forma. Os filhos são o reflexo dos pais, então observe-os e veja no que eles estão te copiando e que precisa/pode ser mudado.

Pais, procurem ser os melhores modelos a serem seguidos, para os filhos entenderem desde cedo a importância da sinceridade eles precisam ver seus modelos sendo sinceros e assumindo suas responsabilidades.

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Texto: Psicóloga Juliana Gomes
Fotos via: Canva| Shutterstock | Momgoe

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