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Adoção Tardia – Amor, Respeito, Adaptação e Paciência

Atualmente estou assistindo um dos seriados mais incríveis que já assisti na minha vida (This is Us), ele conta a história de uma família que escolheu adotar. São tantos dilemas que as vezes dá até medo de adotar, mas o amor é tão forte, tão intenso que me inspira.

Há algumas semanas falamos sobre tudo o que você precisa saber antes de adotar uma criança e também perguntas e respostas mais comuns sobre adoção. Se você tem esse sonho, aproveite para ler todos os posts sobre adoção feitos com muito carinho. Nesse último tema da série com a psicóloga Juliana Gomes sobre adoção estamos compartilhando informações sobre a ADOÇÃO TARDIA.

Por medo, falta de informação ou pelo fato da adoção ainda ser uma solução procurada por casais inférteis, os adotantes, em geral, optam por bebês. Muitos acreditam que os bebês teriam mais facilidades para se adaptar à família e, devido a isso, as crianças mais velhas acabam sendo adotadas por estrangeiros ou ficando em instituições até a maioridade.

Entende-se por adoção tardia a adoção de crianças à partir de 2 anos de idade. Geralmente, trata-se casos de abandono tardio em que a mãe ou pais biológicos da criança têm a intenção de criá-la mas as situações pessoais e/ou financeiras lhes impediram de continuar cuidando da criança de forma adequada.

O medo relacionado às adoções tardias vem da crença de que crianças mais velhas e adolescentes seriam mais difíceis de educar, e que eles possuem maus hábitos e falhas de caráter vindos de sua família biológica ou adquiridos no abrigo. Também, acredita-se que crianças cujo não sabem que são adotadas teriam menos problemas, por isso, adotam bebês e escondem sua origem.

Algumas das motivações para adotar crianças maiores são: não ter condições e tempo de cuidar de um recém-nascido e ainda assim o desejo de ter filhos, além da presença de um sentimento altruístico, ou seja, as preocupações em atender às necessidades do outro.

Foto: Hellorf

Ao serem retiradas de suas famílias biológicas, normalmente por motivos de negligência, as crianças não tiveram tempo para se preparar e compreender os motivos disto estar acontecendo. Elas podem não ter tido suas necessidades básicas atendidas e terem sofrido violências, privações, abusos e até abandono. Essas vivências geram sentimentos de insegurança e carência afetiva.

Elena Andrei, no livro “Abandono e Adoção: Contribuições para uma cultura da adoção” – Fernando Freire, distingue quatro grupos de crianças adotadas, de acordo com a idade:

  1. Crianças de 2 – 6 anos: são mais adaptáveis e apresentam uma imensa disponibilidade para receber amor, o que leva a uma adaptação mais fácil;
  2. Crianças de 7 – 10 anos: elas já construiram e desconstruiram as esperanças, então precisam de mais amor e disponibilidade dos pais em criar novos caminhos e enfrentar a revolta;
  3. 11-14 anos: vivenciaram anos de rejeição, têm sonhos mas não esperanças; sua adaptação depende dos pais em compreendê-los e ajudá-los a superar o passado;
  4. 14 – 18 anos: têm uma infância marcada pelas dificuldades do abandono, além das características da própria adolescência.

Além disso, crianças que passam certo tempo em abrigos, ao serem adotadas, inicialmente podem apresentar comportamentos regressivos comparados com a idade delas, certa insegurança e necessidade de atenção, o que demanda dos pais um cuidado não condizente com a idade em que a acolheram. Mesmo que essas crianças apresentem dificuldades na adaptação à família, a disponibilidade, o amor e a dedicação dos pais no cuidar delas a auxiliam a superar as fases adaptativas e alcançar o desenvolvimento referente à sua faixa etária.

O papel dos pais adotivos

A chegada de uma criança na família, exige uma redefinição das relações e papeis desempenhados por cada um dos membros, ou seja, a mulher passa a ser mãe, além de ser esposa; o homem passa a ser pai, além de continuar sendo marido. E assim como os pais biológicos de um bebê precisam de um trabalho de luto do filho sonhado para aprender a amá-lo como ele é na realidade, a adoção de uma criança ou de um adolescente exige capacidade de adaptação da criança real em relação à criança imaginada.

Diante disso, é muito importante que os adotantes façam psicoterapia para facilitar o período de adaptação entre a criança e a família, além de lidar com as frustrações e história dela. O psicólogo também ajuda a criança em seu luto pela mãe de origem.

Toda adoção requer cuidados, pois, independente da idade da criança adotada, esta pode apresentar traumas devido o abandono inicial e o tempo que permaneceu em instituições.
O sucesso da adoção de crianças maiores depende de alguns fatores, como: os adotantes aceitarem a criança real e sua história, respeitar o ritmo de adaptação, paciência, compreensão, equilíbrio, apoio dos familiares e amigos, busca de ajuda profissional e nos grupos de apoio onde poderão conversar com outras famílias. Resumindo: o sucesso dependerá mais dos pais na condução da adoção.

Alguns pais, ao adotarem crianças mais velhas, fingem que a adoção não aconteceu, na tentativa de “esquecer” o passado e começar a vida do zero. Muitas pessoas têm medo de adotar crianças maiores e/ou contar que elas são adotadas, e ao se tornarem adolescentes, se rebelem. É importante que os pais contem a verdade para a criança o quanto antes pois a segurança de ambos será muito maior. Quando a relação é aberta para ambas as partes, a segurança é maior.

Para finalizar, converse com seus familiares e amigos sobre a intenção de adotar a fim de que eles estejam preparados e diminuam os preconceitos. A aceitação acontece aos poucos, e ela é essencial para o sucesso da adoção.

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Junia Lane