Hoje temos uma convidada especial, a enfermeira obstetra Ivanilde Rocha que divide um pouquinho a sua experiência, tira todas as dúvidas e fala com propriedade sobre o PARTO HUMANIZADO.

Muito bom quando lemos relatos de parto e podemos esclarecer dúvidas e sentir mais segurança para esse momento tão especial, não é mesmo?

Se você também está grávida e passando por essa fase de decisões, acompanhe o Diário de Gravidez da Lore, que ela compartilha todos os detalhes do seu segundo bebê.

“O cuidado com a gestação e o parto ficou por muito tempo sob o domínio das mulheres e realizados com base no conhecimento oral e corporal transmitido por várias gerações. O parto era um evento vivido por mulheres e familiares responsáveis por acolher e cuidar da mulher e do recém nascido que era recebido no espaço domiciliar.

Com a Hospitalização e medicalização do parto, este deixou de ser um evento fisiológico e passou para o domínio da obstetrícia médica-hospitalar. De acordo com as Diretrizes Nacionais de Assistência ao Parto Normal (2017), o nascimento no ambiente hospitalar se caracteriza pela adoção de várias tecnologias e procedimentos com o objetivo de torná-lo mais seguro para a mulher e seu bebê.

Se por um lado, o avanço da obstetrícia contribuiu com a melhoria dos indicadores de morbidade (doenças) e mortalidade materna e perinatais, por outro permitiu a concretização de um modelo que considera a gravidez, o parto e o nascimento como doenças e não como expressões de saúde, expondo as mulheres e recém-nascidos a altas taxas de intervenções, que deveriam ser utilizadas de forma cuidadosa, individualizada, e apenas em situações de necessidade e não como rotina.

Esse excesso de intervenções deixou de considerar os aspectos emocionais, humanos e culturais envolvidos no processo, esquecendo que a assistência ao nascimento se reveste de um caráter particular que vai além do processo de parir e nascer.

Quando as mulheres procuram ajuda, além da preocupação sobre a sua saúde e a do seu bebê, estão também em busca de uma compreensão mais ampla e abrangente da sua situação, pois para elas e suas famílias o momento da gravidez e do parto, em particular, é único na vida e carregado de fortes emoções. A experiência vivida por elas neste momento pode deixar marcas indeléveis, positivas ou negativas, para o resto das suas vidas.”

Parto natural, normal e humanizado

• Qual a diferença entre parto normal, parto natural e parto humanizado?

Resposta: parto normal e parto natural são partos que ocorrem por via vaginal. A diferença está na forma que o parto é conduzido ou assistido. Vamos diferenciar da seguinte forma:

PARTO “NORMAL”: é o parto tradicional por via vaginal, assistido no ambiente hospitalar porém com excesso de procedimentos e intervenções de rotina, tais como: jejum, raspagem dos pelos, punção venosa, uso liberal de ocitocina sintética, rotura da bolsa das águas inoportunas, toques vaginais frequentes, ausência de liberdade de escolha durante o trabalho de parto e parto, separação do recém-nascido da mãe no momento do nascimento, aspiração das vias aéreas superiores do bebê mesmo quando não é necessária. Vale ressaltar que todas estas práticas já têm evidências científicas que não devem ser feitas de rotina.

PARTO NATURAL: é o parto por via vaginal, assistido no ambiente hospitalar ou extra hospitalar, como Centros de Parto Normal ou mesmo no domicílio, porém sem procedimentos e intervenções DE ROTINA, onde respeita-se e cria-se condições para que todas as dimensões do ser humano sejam atendidas: espirituais, psicológicas, biológicas e sociais.

PARTO HUMANIZADO: não é um tipo de parto. É um resgate, um conceito da verdadeira concepção entre o gestar e o parir de forma natural. Independentemente do local, da banheira, da bola, da banqueta, da massagem ou de quaisquer equipamentos ou técnicas. Embora estas coisas citadas auxiliam e podem ser úteis especialmente como métodos não farmacológicos para o alívio da dor, HUMANIZAÇÃO “é o respeito ao processo natural do trabalho de parto, parto e nascimento saudáveis evitando ao máximo intervenções desnecessárias” (OMS, 2000).

A humanização pode e deve ocorrer inclusive nas cesarianas, com indicações verdadeiras, onde pode-se prover um ambiente com menos ruídos, mais aconchegante, presença de acompanhante e vários aspectos.

Texto escrito por: Ivanilde Rocha, Enfermeira obstetra