Categorias Gestação

{Síndrome de Down} Todo o amor do mundo – Antônio

É tão bom quando recebemos relatos de vocês com histórias de superação e ensinamentos que nos fazem crescer e pensar melhor sobre a vida. Dia desses, fizemos uma enquete sobre cachorros e crianças no nosso Instagram e conhecemos a Natasha, que abriu o coração e contou um pouquinho sobre o relacionamento lindo do filho com o cachorrinho. Ficamos encantadas e a convidamos para compartilhar um pouquinho sobre essa amizade especial.

Recentemente, compartilhamos o relato de uma amiga que tem o sonho de ser mãe mas ainda não conseguiu por causa do seu quadro de Insuficiência Istmo Cervical. Também compartilhamos a história da Nádia, mãe do Enrico, que possui Síndrome de Down, e tantas outras. São histórias assim que tocam nosso coração e que nos ensinam a sermos gratas cada dia mais. Fica aqui o nosso convite para você leitora que tem uma história especial e sente no coração a vontade de compartilhar! Manda pra gente!:)

Nos apaixonamos pela maneira leve e apaixonante que a Natasha leva a vida! Uma mãe jovem, que já enfrentou muitos desafios e hoje é um exemplo para todas nós. Ela é mamãe do Antônio, que tem Síndrome de Down. Hoje ela divide os momentos felizes e desafiadores, as dificuldades do pós-parto e as vitórias do dia-a-dia.

Relato da mamãe

O Antônio foi uma criança extremamente desejada muito antes da sua concepção. Quando tivemos a notícia da gravidez, foi uma alegria que não tenho palavras para descrever. Eu, aos meu 28 anos, com endometriose em um grau severo, estava grávida, contrariando todas as probabilidades.

Mãe de primeira viagem, eu tinha aplicativos sobre gravidez e lia um monte de matérias para saber um pouco mais sobre cada exame que fazíamos. Com 12 semanas tínhamos marcado a nossa primeira morfológica e a translucência nucal.

Foi durante esses exames que tivemos a notícia da suspeita da Síndrome de Down. Sim, uma suspeita! O Antônio tinha o osso nasal presente, mas a prega nucal dele estava levemente aumentada. O médico foi um querido com a forma que nos informou sobre a suspeita. Explicou as chances e falou que a confirmação só seria possível através de um exame chamado amniocentese, mas que esse exame era invasivo e tinha risco de 1% de aborto.

Saímos do médico sem reação. Lembro que meu marido e eu nos abraçamos dentro do elevador e foi a primeira vez que choramos, choramos muito. Era muita informação para processar. Diante da idade e do exame, a chance do nosso filho ter Síndrome de Down era de 2%, mas para sabermos tínhamos o risco de 1% de perdê-lo. Essa certeza valia o risco? Poderíamos fazer algo para mudar a situação?

Para todas as perguntas, a resposta era “não”. Não iríamos arriscar perder nossa tão preciosa benção somente para ter a certeza de um diagnóstico. Nosso sentimento de amor ao nosso filho não mudaria por ele ter ou não Síndrome de Down. Então, decidimos não fazer. Conversamos com o médico e optamos por encarar a gravidez como se já soubéssemos que o Antônio teria a Síndrome, pois alguns exames a mais eram necessários, já que a Síndrome traz consigo possíveis má-formações.

Não pensem que foi fácil, pois não foi! A família ficou em choque, os avós choravam, tentavam dar apoio, mas de certa forma não se conformavam. Nós tínhamos medo, muito medo. Medo do desconhecido, medo do futuro, medo de como seria a vida do nosso filho, medo se seríamos capazes… Tivemos exatamente um mês de choro e medo, tempo esse que corri atrás de informação para saber o que realmente era a Síndrome de Down e o que nos esperava.

A gravidez

Em momento algum rejeitamos nosso filho ou questionamos a Deus o por quê. Muito pelo contrário, sempre pedimos força e sabedoria para enfrentar o que fosse, pois se Deus estava nos dando o Antônio é porque sabia que cuidaríamos dele com todo o amor do mundo. O difícil não foi aceitar a Síndrome, difícil era fazer os exames para ter certeza se ele não teria problema cardíaco, má-formação física e entre outros. Cada exame era uma facada no coração; nunca imaginei que passaríamos por tudo isso.

Esperar pela ultra não tinha a ansiedade que imaginava, tinha o desespero e muita reza pedindo que estivesse tudo bem. Os exames estavam ótimos e, a princípio, só tínhamos a Síndrome de Down pela frente. Nosso corações relaxaram e curtimos muito a segunda metade da gravidez. Enxoval, quarto, aquela expectativa normal. Até esquecemos da Síndrome!

Eu tive uma gravidez excelente. Trabalhei até o dia de ganhar o Antônio. Tentei ter parto normal até o último segundo. Nos últimos dias, tinha contração e ia para o trabalho assim mesmo, porém, em um dos exames, foi constatado que o Antônio tinha que nascer, não dava mais para esperar. Fomos para a cesária. Nossos pais vieram correndo de outros Estados para estar com a gente e era uma alegria só. Íamos conhecer o Antônio!

O nascimento

Fomos cedinho para a internação, e às 9:55h nasceu o Antônio. Lindo, pequenininho e calminho; sem chorar. Lembro que falei aflita para ele respirar, e o médico riu falando que ele estava respirando, só não queria chorar mesmo.


No parto foi tudo muito rápido! Não pude pegar ele no colo pois o levaram para os primeiros cuidados. Mandei meu marido não tirar os olhos dele. Quando voltaram, meu marido estava com ele no colo. Pude cheirar e beijar meu filho.

A pediatra disse que ele tinha Síndrome de Down, meu marido e eu nos olhamos, sorrimos, e respondemos juntos “a gente já sabia”. Mas aí a pediatra continuou: “O Antônio nasceu com uma má-formação intestinal, com necessidade cirúrgica. Ele precisará de exames, e o cirurgião irá conversar com vocês. Vamos levá-lo para a UTI Neonatal”. Foi aí, nesse exato momento, que nosso mundo caiu!

Meu marido me olhou e foi junto com a pediatra para levar o Antônio até a UTI.
Eu? Berrei, gritei, quis arrancar tudo e passei muito, mas muito mal. O medo que eu tinha sentido antes era ridículo; o medo de agora era apavorante, o medo de perder nosso filho.

Só fui para o quarto às 16h. Todos do lado de fora estavam tensos e preocupados. Eu tinha perdido muito sangue e não conseguia parar de chorar. Tanta coisa na minha cabeça, quase uma novela. Meu filho tinha acabo de nascer, precisava de cirurgia e eu não tinha segurado ele no colo! Fui para o quarto com a recomendação de só levantar no dia seguinte. Claro que não obedeci… Queria ver meu filho e iria na visitação da UTI de qualquer jeito. Foi a anestesia passar que me levantei para tomar banho, lavei o quarto de sangue, me troquei e fui de cadeira de rodas. Meu coração doeu ao ver meu tão esperado filho dormindo cheio de acessos e monitores.

Ele tinha nascido com o intestino alto e o ânus imperfurado, mas graças a Deus sem nenhuma cardiopatia. A primeira cirurgia foi no dia seguinte. Chorei tanto, mas tanto, que me deixaram segurar meu filho pela primeira vez 15 minutos antes da cirurgia. Foi a primeira vez que senti seu calor, sua pele macia, e foram os 15 minutos que pedi a Deus para que não levasse meu filho.
A cirurgia demorou 4 horas de uma tortura sem fim, mas tinha dado tudo certo. Eu recebi alta 2 dias depois da cirurgia, mas passava o dia acampada dentro do carro no estacionamento do hospital com o meu marido.

De 3 em 3 horas, ordenava os seios para que meu filho pudesse tomar por sonda. Comia o que dava, fazia xixi em pé no banheiro do hospital e tirava e colocava a cinta sozinha. Minha mãe nos recebia em casa toda a noite com o rosto inchado e com o jantar pronto. A gente chegava, jantava, tomava banho e dormia, pelo menos tentávamos.

No dia seguinte, de manhã cedinho, já estávamos no hospital para ver o Antônio. Quando chegou o dia de apresentar o seio a ele, foi quase um evento na UTI. Todos torciam, mas as chances dele pegar o peito eram muito pequenas, porém mais uma vez ele surpreendeu. Pegou o peito de primeira e lá estava eu, toda feliz com meu filho no colo, amamentando.

A chegada em casa

A chegada em casa foi com festa. Casa cheia de bolas, cartaz… Era uma vitória! A primeira de muitas. Antônio precisou de mais duas cirurgias para ter o trânsito intestinal reconstruído. A segunda foi com 3 meses e meio, e a terceira com 7 meses. Todas muito difíceis, com riscos, mas com final feliz.

Hoje ele é um meninão de 1 ano e 8 meses. Meu Deus, como passa rápido! Tão lindo, tão esperto. Faz estimulação desde 1 mês de vida. A agenda desse molequinho é cheia! Eu parei de trabalhar, sou mãe em tempo integral. O pai, nosso parceiro, nosso porto seguro, sempre com um sorriso lindo no rosto, marido dedicado e pai babão. O Nero, nosso cachorrinho, um vira-lata adotado, o melhor amigo do Antônio e um grande estimulador.

Nero e Antônio

Quando engravidei, o Nero ficou muito grudado comigo, sendo que era o “chicletinho” do meu marido. Parece que ele sabia que tinha uma nova vida se formando dentro de mim e que eu não estava 100%.  Ele sempre deitava no meu colo com a cabeça encostada na minha barriga.


Nunca chegamos a ter medo de como seria o relacionamento do Nero com o Antônio, ainda mais com o Nero sendo tão carinhoso. Quando o Antônio nasceu, logo que chegamos em casa, Nero estava super curioso para conhecer o “irmão”. Deixamos ele cheirar e tivemos um período de adaptação e vigia. Não impedíamos que o Nero se aproximasse, mas estávamos sempre de olho e tínhamos, claro, cuidado quanto a higiene, até porque, por mais carinhoso que o Nero fosse, ele poderia ter ciúmes nesse início, e o Antônio tinha acabado de passar por cirurgia.

No final, foi amor à primeira vista. O Nero passou a ser o escudeiro do Antônio! Se o Antônio estava no carrinho, o Nero deitava ao lado do carrinho. Se colocássemos o Antônio no berço, o Nero dormia aos pés do berço; e assim, o Antônio foi crescendo junto com o Nero. Antônio não podia dar um gemido que o Nero vinha nos chamar. Como quem diz: “Meu irmão acordou”.

Ele teve um grande papel no desenvolvimento do Antônio, principalmente na parte motora. Quando o Antônio começou a se deslocar em casa, se arrastando, foi porque queria ir atrás do Nero. Hoje, são melhores amigos, daqueles que dividem frutas e biscoitos e que sempre encontro abraçados pela casa.

Comentar resposta para Veronica Rocha Cancelar

24 comentários

  1. Já li muitas historias lindas e emocionantes, aqui no blog. Mas sem dúvidas essa foi a que mais me tocou, estou chorando!
    Parabéns ao Antonio por toda a força e determinação. E parabéns a essa mamãe tão corajosa, um exemplo de ser humano.

  2. Meu Deus como não emocionar??? Linda a história do Antonio…apaixonante a forma que vocês conduziram tudo isso…muito amor!!! Que Deus continue iluminando vocês.

  3. Que linda história, estou muito emocionada, também tenho um bebê Down, passei por vários problemas também,.
    Parabéns a mamãe e ao Antônio também. Que Deus ilumine e abençoe sempre vcs.

  4. Nat, vc eh uma guerreira!! Te admiro cada dia mais, torço cada vez mais por vcs… parabéns por tudo! Pela família linda, por ser essa mãezona, por ser tão parceira, amiga e um exemplo de ser humano!! ❤️❤️

  5. Linda História, família guerreira. Antonio, lindo guerreiro, Deus é maravilhoso. Sou fã dessa família. E desejo muitas e muitas felicidades! 😘

  6. Que história mais linda, que família corajosa e cheia de amor, meu Deus!! Estou muito emocionada.. Como o Antônio é lindo, o Nero também, que amor deve ser esses dois rs que Deus continue abençoando, capacitando e cuidando de vocês, não teria pai e mãe melhores para o Antônio, com certeza! Beijos no coração!

  7. Que história linda.
    Que família linda, o Antônio é lindo estou apaixonada por ele, e o Nero muito fofo.
    Que Deus abençoe essa família linda.
    Fiquei super emocionada com o cuidado do Nero com o Antônio.
    Um grande Beijo

  8. Meu Deus! Que amor o Antonio, que lindo… Que lindo! Vontade de trazer pra casa! Deus é Pai mesmo neh?! Os planos dEle são infinitamente maiores que os nossos! Obg papais do Antonio, por compartilhar essa história linda que está sendo escrita com muito amor… Que cresça em graça e estatura como o menino Jesus, Deus os abençoe! 🙏🏼❤️

  9. Até os meus 20 anos eu nunca tinha tido contato com uma criança especial, nem mesmo por um aperto de mão. Mas foi a partir dos 20 anos que tudo mudou, pois comecei a namorar um rapaz que tem um irmãozinho de 4 anos com síndrome de down. Me lembro do dia que ele me apresentou seu irmão, eu ficava tentando entender o que era a síndrome de Down. O tempo foi passando e o meu amor pelo meu cunhadinho se tornou incondicional, eu comecei a observar as crianças com outros olhos e com o desejo de viver mais pertinho delas. Todo esse amor despertou em mim o desejo de fazer pedagogia, e para minha sorte já no primeiro termo consegui um estágio e para minha surpresa eu seria cuidadora de crianças especiais. Foi a melhor notícia da minha vida! A minha vida mudou, ficou mais doce com o amor mais puro, vindo desses pequenos. Ver essas crianças se superar com o sorriso de orelha a orelha, me deu força pra lutar por muitas coisas. Agradeço todos os dias a Deus por cada criança especial que entrou em minha vida. Minha dica pra você que dúvida do amor verdadeiro, passe um dia ao lado de uma criança especial, você vai ver que amor existe, e que pode ser recebido da forma mais pura e sincera do mundo.

  10. Amei, seu relato é muito lindo, sou tia avó de 1 bebê lindo Arthur q acabou de nascer, chorei bastante, esse criança extremamente amada desde o momento q tivemos a notícia do 1° bisneto de mamãe q está c 85 anos (ALZHEIMER, artrose grave nos joelhos pressão e diabetes o tempo todo monitorado por mim que cuido dela , Graças À Deus consegue andar pouco ), pq tô falando de mamãe pq o Arthurzinho veio p alegrar a vida de todos principalmente dela q dispara à todo momento c mil perguntas repetitivas, eu acho p lucidez dela e ajudo explico mostro fotos procuro mexer c ela todo instante p não dormir muito no sofá e TB levanta muito lenta. Enfim é tudo muito novo e apoio, oferta de ajuda, Muito amor interesse p saber cada vez mais sobre a síndrome, É BENÇÃO PRESENTE DIVINO Q DEUS NOS ENVIOU AMOOOOOO MUITO MAIS MUITO MESMO NOSSO ARTHURZINHO

Publicidade

Junia Lane