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{Relato de Parto} Uma carta de amor para Clara

Ser mãe foi um grande presente para nós, dádiva de Deus e transformação de vida. Nossos filhos nos transformaram em pessoas melhores, mudaram nossas prioridades e nos tornaram mais fortes. Se pudermos dar um conselho à todas as mulheres que ainda estão em dúvida sobre a maternidade é: tenham filhos. É um amor inexplicável!

Por isso amamos trazer relatos de amor, da nova descoberta, do maior presente que um casal já ganhou: um filho. Hoje trouxemos o Relato de Parto da Clara, escrito pela mamãe Amanda em forma de cartinha para ela. Está muito emocionante! Se você puder separar um tempinho antes do seu bebê chegar, escreva esta carta para ele(a) e imagine ele(a) lendo daqui alguns anos!:)

A mais linda carta de amor

“Filha, você chegou, no sábado, melhor dia da semana!

Foi no dia 17 de fevereiro, às 11h22 da manhã. Mas antes, vou te contar o que aconteceu até você chegar…

Eu me preparei muito para a sua chegada, li, me informei, estudei, aprendi sobre a cultura do parto em nosso país, desmistifiquei os mitos, entendi a fisiologia do parto, dos benefícios do parto normal, me muni de toda informação necessária.
Estava tranquila, sabia o que queria, sabia que era o melhor e sabia que era totalmente possível: você viria quando quisesse, da maneira mais natural possível e faríamos uma cesárea se esta viesse para salvar nossas vidas, não por conveniência médica ou minha.

Conscientizei seu pai, conversamos sobre esse momento inúmeras vezes e ele também estava preparado.
Me acostumei a ouvir as pessoas falando sobre o parto e não me incomodar, aprendi que elas eram vítimas, que por pura falta de informação reproduziam crenças sem sentido, que desencorajam e amedrontam as mulheres.

“Quando ela vai nascer?”
“Nossa, parto normal? Que corajosa. Boa sorte, vai precisar”
“Magrinha desse jeito? Não vai passar de jeito nenhum”
“E se você não tiver dilatação?”

Às vezes, eu tentava explicar, outras eu só respondia que estava bem informada e sabia que era capaz.

Mas filha, saiba que o nascimento é um momento lindo, incrível e abençoado, não se resume em dor e sofrimento, se resume em entrega e amor. E eu queria isso, te receber com muito amor e respeito.”

“O parto começa na mente e a minha estava tranquila, meu corpo corresponderia, eu e você trabalharíamos juntas, tudo fazia sentido na minha cabeça e Deus me deu muita paz.”

Chegando de mansinho

“Sua chegada estava prevista para o dia 01/03, mas eu e seu pai decidimos ficar prontos para a sua chegada desde o dia 15/02, quando eu completaria 38 semanas de gestação e era também a data da lua nova, a nossa lua (que dizem influenciar no nascimento, mas não cabe explicar aqui). No ultrassom que fizemos com 36 semanas a médica nos disse que você não demoraria, pois já estava bem baixa e encaixada.

Mamãe trabalhava longe de casa, pegando rodovia e dirigindo por 1h, decidimos que seria melhor o papai me levar e buscar no trabalho nesses últimos dias.
Dia 15/02 ele me levou e ficou esperando a tarde toda, mas não aconteceu nada, eu estava bem e não estava com nenhuma dor e não havia nenhum indício de que você viria logo. Decidi que no dia 16/02 eu iria sozinha, já que amanheci bem e entendi que seu pai deveria ficar em casa, cuidando dos últimos preparativos, ajeitando seu quarto, etc.
Comecei a achar que você viria perto das 40 semanas mesmo, afinal, não tinha nenhuma dor, nada!

Fui trabalhar, voltei, passei no mercado, fizemos nosso culto de pôr-do-sol, jantamos, preparamos as coisas para ir à igreja no sábado e ainda não tínhamos nenhum sinal de que você viria.

Acordei às 4h30 com vontade de ir ao banheiro e leves dores na barriga, fiquei na dúvida se era uma contração ou apenas algo que comi e me fez passar mal, rsrsrs.
Não sabia como as contrações eram, não as tive antes, nem as de treinamento. Então decidi não me empolgar e apenas voltar a dormir.

Passaram alguns minutos, banheiro de novo, dor de novo. Isso foi se repetindo até umas 5h30. Peguei o celular e comecei a cronometrar o que eu já havia entendido que eram as contrações. Estavam curtas, com intervalos irregulares e não doíam tanto, sabia que poderia demorar. Às 6h e pouquinho seu pai percebeu meu movimento e eu disse que achava que estava sentindo contrações, mas que eram pródromos e poderia demorar, para ele ficar calmo.

Fui ao banheiro de novo e o tampão saiu, fiquei feliz, mas também sabia que não significava muita coisa, poderíamos demorar dias. Mas eu estava feliz, queria sentir algo há muito tempo e finalmente meu corpo estava me dizendo que você estava perto.

Por volta das 7h as contrações começaram a ficar mais fortes, com intervalos mais curtos e regulares, mas ainda duravam menos de 1 minuto. Senti que seria naquele sábado.
Decidi me desligar de tudo. Dei o celular para o papai, pedi para ele ligar para meus pais e pedir que viessem ajudar (com comida, com a casa, com o que fosse necessário).

A partir desse momento me esqueci de tudo à minha volta e me concentrei em você. Sentia cada dor, cada contração e ficava feliz, pois sabia que a cada uma você estava mais perto. Dancei, ri, conversei, comi. Gritava durante as dores, descansava e aproveitava os carinhos do papai nos intervalos.

Que dores gostosas de sentir, elas anunciavam a sua chegada!

Queria ir para o hospital, o medo de você chegar em casa sem assistência tomou conta de mim, sentia que estava perto. Mas combinei com o papai que iríamos quando estivesse com contrações de mais de 1 minuto, intervalos curtos e regulares. Seu papai seguiu à risca e só fomos para o hospital quando isso aconteceu.”

A chegada do grande amor

“Chegamos no hospital por volta das 8h30, as contrações já estavam bem doloridas e eu estava entregue. Gritei na recepção, fiquei de cócoras, rebolei, pedi massagem para o seu pai e não me preocupei com nada, nem ninguém, era nosso momento e eu queria vivê-lo.
Enquanto esperava ser atendida, continuei vivenciando cada dor. Avisei à médica e às enfermeiras que iria gritar muito, elas riram e disseram que eu podia tudo rsrs (Aí se alguém viesse reclamar da minha gritaria, me deixem em paz rsrsrs)

Fui avaliada pela médica, que conferiu as contrações no aplicativo e me examinou. Já estava com 5cm de dilatação e você estava bem baixa. Papai foi fazer a minha internação e eu fui para a sala de pré-parto. Aqui já eram 9h30 da manhã.
Não conseguia deitar, as dores eram fortes. Pedi chuveiro. A médica pediu que eu ficasse 1h no chuveiro e ela voltaria para me avaliar.

Combinei que o Erick colocaria músicas que escolhi para esse momento, mas aqui nada mais me acalmava, eu só queria vocalizar e mudar de posição, buscando algum alívio. Fiquei 40min no chuveiro e não aguentava mais. Pedi pra sair. Seu pai não deixou, disse que faltava pouco, para eu ficar 1h. Fiquei. Quando deu 1h ele chamou a enfermeira. Eu já estava exausta, sentia você vindo e estava com muita vontade de fazer força. A fazia, quase que involuntariamente. Saí do chuveiro, a médica me avaliou: dilatação total, vamos para a sala de parto.

Pedi anestesia, papai tentou me lembrar que eu não queria, mas nessa hora eu só queria um alívio, um descanso. O anestesista veio, tentou me convencer também, disse que eu não queria e que a pior parte já havia passado, que seria rápido. Mas aqui eu já não pensava racionalmente e implorei pela anestesia. Tomei então a analgesia. Que alívio!

Eu sabia que uma intervenção gera outra, mesmo assim quis.
No expulsivo ainda consegui sentir as contrações, mas sem dor. Fazia força quando elas vinham. Pedi para que não fosse feita a episiotomia, a médica concordou, mas pediu para fazermos um combinado: se após 3 forças você não viesse, ela faria. Concordei. Nessas horas a gente fica frágil, quer que o bebê venha e qualquer coisa que faça acelerar, parece boa. Fiz as 3 forças e você não veio. Senti sua cabecinha, cabeluda! O papai te viu chegando. A médica disse para eu fazer a quarta força que você viria. Fiz, dei o meu melhor. Ainda assim, você não veio. Lacerei um pouco e autorizei a episiotomia. Na primeira força, você chegou, às 11h22, meu grande amor chegou.

Linda, perfeita, cabeluda e de olhos abertos. Veio direto para os meus braços.”

“A pediatra te olhou rapidamente no meu colo e como você estava ótima, disse que ficaria a primeira hora de vida comigo. Eu e o papai ficamos babando enquanto aguardávamos a expulsão da placenta e o cordão parar de pulsar (como havíamos pedido), papai cortou o cordão e ficamos juntinhos até terminarem os pontos.

Fomos juntas para a sala de recuperação, você mamou logo na sua primeira hora de vida. Que menina esperta, pegou direitinho logo na primeira sucção. Como foi e continua sendo gostoso te alimentar!

A pediatra te levou por 10 minutos, logo você voltou e ficou comigo todo o tempo, com muito mamazinho e contato pele a pele.”

Eu pedi três coisas à Deus:
– Que no dia que você chegasse eu sentisse as dores de madrugada, para que não viessem a tarde quando eu estivesse no trabalho ou dirigindo.
– Que Ele colocasse pessoas amorosas e que respeitassem minhas decisões no meu caminho (não contratei equipe)
– Que fosse rápido!

Deus atendeu todas as minhas orações! Sei que houveram intervenções, mas com meu consentimento e pedido, fui extremamente respeitada e você também. Papai nos apoiou, acalmou e ajudou. Lembrou de tudo o que combinamos e fez cada direito nosso valer. Nossa família trabalhou unida, foi um trabalho de parto feito por nós 3, juntamente com a equipe, e foi lindo!

Agora estamos aqui, vivendo nossos dias juntinhos. É tão bom ter você aqui. Obrigada, Deus, a Clara chegou!”

E ela deixou um recado para as futuras mamães:

“Mamães, Clara não nasceu em um super hospital, com uma equipe médica escolhida por mim, mas eu estar informada e saber dos meus direitos, fez com que meu parto fosse do jeito que eu queria. Estudem, se empoderem, busquem informação, ela é de graça!”

Veja também:
Relato de Parto do Pedro
Chegada da Chloe
Relato de Parto – A Chegada do Bernardo

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7 comentários

  1. Que relato mais lindo <3

    Vocês poderiam fazer um post indicando literaturas e o que a futura mamãe deve procurar saber para ter esse empoderamento todo!

  2. Que coisa mais linda!
    Me emocionei, muito amor nesse relato.
    Estou esperando anciosa por essa experiência linda…
    Jesus manda logo meu bebê.
    Amém!

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Junia Lane