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Relato de Parto Normal Induzido

Quando estamos grávidas parece que ficamos mais fortes, mesmo com a montanha russa de hormônios que faz com que a gente chore sorrindo, não é verdade? Estar grávida desperta em nós mulheres uma vontade de ser melhor, de lutar, de correr atrás… um amor inexplicável que muda tudo e nos transforma radicalmente.

Ficamos emocionadas quando recebemos o Relato de Parto da mamãe Ingrid nos comentários do nosso Instagram (@lapisdemae). Sua força de vontade e a luta para trazer ao mundo seu bem mais precioso da forma que sempre sonhou nos motivou a compartilhar com vocês sua história. Ela sempre sonhou com um Parto Normal, e correu atrás para que isso acontecesse. E foi tudo tão natural que ela compartilha de uma forma espontânea com a gente.

Hoje ela abre o coração de como foi esse dia cheio de amor e inesquecível!

Sonho e Ansiedade

Eu mesmo antes de engravidar sempre dizia que optaria por parto normal, primeiro pelo meu pavor de passar por uma cirurgia, segundo pelas experiências de recuperação do parto cesariana que vi algumas pessoas próximas passar.

Minha gravidez foi tranquila, sem intercorrências e super ativa.
Quando cheguei às 37 semanas, através de uma ultra, a médica viu que o Miguel estava na horizontal. Considerando o tamanho dele e o avanço da gravidez, ela me afirmou que seria muito difícil eu conseguir ter o parto normal que tanto sonhei.
Essa médica era a médica de uma clínica particular, a qual eu fazia as ultras. Meu pré-natal era feito por uma médica da rede pública da minha cidade. A minha médica me tranquilizou e pediu para esperarmos até as 39/40 semanas para ver se ele realmente ficaria na horizontal ou iria para a posição cefálica. Assim foi; cheguei às 40 semanas e através da ultra vimos que ele virou, não encaixou, mas virou! Amém, haha.

Eu não sentia nada, nem sinal de trabalho de parto, então ia de 2 em 2 dias fazer o monitoramento do bebê para ver se estava tudo certinho.
Chegamos nas 41 semanas e 5 dias, fui para o hospital fazer o monitoramento e lá me pediram para voltar no dia seguinte para a indução do parto ou uma possível cesariana, caso a indução não evoluísse.
Cheguei no hospital às 08 horas de uma sexta-feira, refiz todos os exames de sangue, ultra e a médica me deu toque e viu que eu estava com 1 cm de dilatação mas não tinha sinal de trabalho de parto. Eu sentia contrações, porém não eram ritmadas e não eram acompanhadas de dor.

Indução

Às 19 horas a médica foi “aplicar” a primeira medição, um comprimido intravaginal com a função de contrair o útero e “expulsar” o bebê. Fiquei nervosa mas tinha muita fé que ia dar certo. Comi, dormi, mexi no celular e nada… Nada de dor insuportável nem desconforto, nem nada!
Meia noite a médica voltou para aplicar o segundo remédio. Eu evolui para 3cm (pouco), ela me informou que “pelo andar da carruagem” eu poderia ficar até às 09 horas da manhã nesse processo de medicação.

Ela me explicou que só ficariam 24 horas nesse processo de indução caso não evoluísse iríamos para a cesariana, isso porque esse processo de indução feito por muito tempo pode fazer com que o bebê entre em sofrimento fetal.
Foi quando relaxei, e o que tivesse que ser seria!

Hora do parto e surpresa

Para minha maior surpresa, às 02 horas da manhã eu entrei em trabalho de parto ativo, e tudo aquilo que eu ouvia começou a acontecer na prática. Na minha cabeça eu precisava ficar quieta, e fiquei. Não gritei, tomei mil banhos… E os planos de ter bebê arrumadinha desceu ralo abaixo, literalmente. Meu marido (coitado) levou muitas mordidas e teve que ouvir uns “PELO AMOR DE DEUS, EU NÃO TO AGUENTANDO” algumas várias vezes.

A médica disse que voltaria às 04 horas da manhã, mas ela não voltou, e eu não queria chamar com medo dela falar: “Olha ainda temos 10 horas pela frente!” Hahaha
Entre 04:00 e 06:00 a dor não diminuiu, mas também não aumentou, elas vinham no intervalo de 1 em 1 minuto, mas mesmo assim consegui cochilar em alguns momentos.

Às 06:30, sem nenhuma anestesia, sentindo a dor mais primitiva do mundo, me sentindo a pessoa mais forte do planeta, eu senti que meu filho desceu e não subiu (só quem passou por essa experiência vai entender, é muito estranho e ao mesmo tempo perfeito), acordei meu marido e pedi pra ele correr e chamar alguém porque na minha cabeça ele estava nascendo.

Meu marido foi, voltou em segundos, ele levantou minha camisola e um “TIBUM” acordou a ala de apartamentos inteira do hospital. A bolsa estourou. Eu achei que o Miguel tivesse nascido ali no chão e toda calma que me concentrei para ter durante a madrugada simplesmente sumiu. Eu gritava desesperadamente, falava que o bebê tinha nascido no chão, a enfermeira, com toda calma do mundo, me falou: “Mãezinha, foi só a bolsa, o bebê ainda está dentro de você!”

A médica veio um pouco mais agitada que a enfermeira, me deu toque e falou a frase que eu nunca vou esquecer: “10 de dilatação, corre o bebê está nascendo!”
Gente, eu só sabia rir e chorar ao mesmo tempo.
Aquela cena de filme da maca passando pelos corredores, a visão das lâmpadas sendo deixadas para trás uma a uma…
Claro que nem tudo são flores né! O maqueiro me pedindo para não abrir a perna pro bebê não nascer ali no corredor, e eu só pensando na cena que eu estava protagonizando… haha

Cheguei na sala de parto estavam uma enfermeira obstetra, uma enfermeira, uma pediatra e a obstetra a caminho. Meu marido entrou, elas baixaram as luzes, me perguntaram qual posição eu queria que a maca ficasse e eu nem pensei duas vezes e pedi pra ficar sentada. Lembro da voz da enfermeira me falando: “Mãezinha, vamos fazer uma força para sair o corpinho, depois outra força para sair a cabecinha, está bem?!”
Eu totalmente aflita, nervosa, ansiosa, com um certo medo, respondi um tímido: “Tá bem!”

Veio a primeira contração. Eu fiz a força, ele nasceu e eu nem percebi! Continuei à espera da ordem para a força para sair a cabecinha! haha.
A médica falava: “Mamãe ele é lindo, ele nasceu, olha ele como é lindo!”

Tive que levar 2 pontos porque, como ele saiu inteiro, tive uma leve dilaceração, mas nem senti e a recuperação foi super tranquila. Eu não acreditei que foi tão rápido!
A pediatra deitou ele no meu colo, limpou ele me explicando tudo que ela estava fazendo, esperou os 3 minutos para o cordão parar de pulsar, pediu ao papai para cortar o cordão, embalou ele numa mantinha,e falou: “Ele está com fome, mamãe, dá um pouquinho de mamar para ele.”

Simples assim ficamos nós três, tentando entender como que duas pessoas viram três… Milagre!

A maior decisão

Eu tive meu filho em um hospital público. No início da gravidez comecei a fazer o pré-natal em uma clínica particular, não por achar que o atendimento era melhor, mas por pensar que minha vontade seria respeitada. Me enganei. Com 5 meses a médica me informou que não fazia parto normal, que se essa fosse minha escolha eu teria que mudar de médica. Foi o que eu fiz! Procurei um hospital que me desse a chance de escolher, que priorizasse meu filho e não o dinheiro. Graças a Deus encontrei um lugar que me proporciona lembranças maravilhosas do melhor momento da minha vida!

Tenho muito orgulho de dizer que meu parto foi normal /induzido, que meu filho ficou no forninho até o dia que completou 42 semanas de existência!

Veja também:
Relato de Parto do #MiminoPedro – cesariana com muito amor
Relato de Parto de Gêmeos
Uma carta de amor para Clara

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3 comentários

  1. Estou em lágrimas aqui. Eu e meu esposo estamos planejando o bebezinho para esse ano, eu tenho tantos “medos” , mas quando leio esses relatos/histórias verdadeiras me dá força e coragem pra se torna mãe. Obrigada Ingrid pelo relato.

  2. Que relato lindo…
    Parabéns querida, e como você disse é um milagre!
    E eu estou a espera desse lindo milagre…
    Deus é Fie!

    Beijos fiquem com Deus.

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Junia Lane