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{Relato de Parto} Parto natural em casa

A espera de um serzinho que a gente não conhece é um tanto desafiador, não é mesmo? Ficamos nove meses esperando ansiosamente para entender o que se passa dentro de nós, como tudo funciona, se está tudo bem, como a vida será assim que ele(a) chegar… São muitas dúvidas e muitos desafios que os pais passam nessa fase.

Se você está no início da gravidez, tem um post completo onde compartilhamos os passos após da descoberta. Além disso, já dividimos com vocês momentos lindos e emocionantes, de tirar o fôlego, como o parto da Manu; a doce espera do Bernardo; o parto natural do Ben, e muitas outras histórias que só de rever nos fazem sentir saudades e vontade de ter nossos bebês de volta na barriga! Hehe

Também já vimos relatos de tirar o fôlego, onde nos faz ter a certeza que mãe é mais do que forte. Como na história da Rebecca, que foi mãe de UTI; a Mila, que foi um bebê prematuro; a cesária cheia de amor do Pedro e outros.

E hoje vamos compartilhar o parto da Fran, uma querida amiga que já apareceu por aqui dividindo seu chá de bebê super autêntico, lindo e criativo ao ar livre, e agora conta como foi seu parto 100% natural, mágico, em casa!

As primeiras dores

“Era uma sexta feira fria. 01 de dezembro de 2017. Eu acordei com algumas cólicas leves. Bem discretas, mas estavam ali. Na noite anterior o meu corpo tinha experimentado contrações de treinamento, as famosas Braxton Hicks. Contrações indolores, mas que deixavam a barriga dura. Fui dormir sabendo da possibilidade de que a hora poderia estar próxima.

Acordei com as cólicas leves. Tomei um banho, e no banho olhei para a minha barriga e pensei: “Bebê, se você estiver pronto, hoje seria um lindo dia pra você nascer. Pode vir que a mamãe está te esperando. Mas só vem se você estiver pronto, tá?”. Peguei o carro e dirigi para chegar ao local da minha depilação. Aquela depilação preparatória para o parto, que arranca até pensamento da gente. Saí dali e fui almoçar. Comecei a sentir contrações lá pelo meio dia, mas elas eram muito fraquinhas e nada constantes. Vinham a cada 10 ou 20 ou 30 minutos. Sentei na bola.

Às 14h00 fui para a minha consulta de 38 semanas com a minha parteira. Cheguei no consultório, conversamos sobre o parto, tirei muitas dúvidas. As contrações estavam ali, mas eram fracas e espaçadas. Minha parteira verificou que eu já tinha 3cm de dilatação. Eu fiquei super empolgada. Eba!! Pode ser que seja hoje mesmo!
Ela me explicou que, na verdade, não significava isso. Eu poderia estar dilatada por dias ou até semanas e não necessariamente entrar em trabalho de parto. Mas aquilo significava que quando eu estivesse em trabalho de parto o meu corpo trabalharia menos, já que eu estaria evoluída na dilatação já.

Saí da minha consulta animada e muito tranquila. Minha parteira disse que não era pra eu contar as contrações porque isso poderia me deixar ansiosa. Disse que eu saberia se estivesse em trabalho de parto. Pediu pra eu ligar pra ela quando sentisse que era a hora.
Saí da minha consulta com a piscina inflável nas mãos. A piscina que serviria de ajuda para que o meu filho nascesse.

Cheguei em casa e pedi para o meu marido encher de ar. Falei pra ele que poderíamos precisar dela ainda naquele dia. Lá pelas 17h30 eu abri o aplicativo no celular e decidi começar a contar as contrações. Só por curiosidade mesmo. Eu não sabia se estava em trabalho de parto, mas comecei a desconfiar. As contrações vinham a cada 5 minutos, mas duravam menos se 1 minuto cada. Estavam um pouco mais intensas, mas eu ainda conversava durante elas, então sabia que ainda não era uma fase de parto ativa.

Sentei na bola, brinquei com a minha cachorrinha, liguei para uma amiga e liguei para o meu pai. Quando eram 19h30, decidi que era hora de desligar o telefone. Eu não queria mais conversar, precisava me concentrar no que o meu corpo estava fazendo.
Naquele momento eu soube que estava em trabalho de parto.”

A hora do parto

“Tentei entrar na banheira de casa, mas a água estava quente e aquilo me irritou. Eu saí da banheira pelada e nem passou pela minha cabeça colocar roupa. Eu não estava nem aí. Me rendi aos meus instintos e nada importava. Eu estava concentrada no meu corpo e no meu bebê. Só isso.

Às 8:15h, liguei para a minha doula. Precisava dela naquele momento. Liguei para a minha parteira também. “Pode vir. Chegou a hora. Preciso muito de você aqui”, eu disse. No meio da ligação, uma contração fortíssima. Minha parteira não teve dúvidas de que precisava vir naquele momento. Quando a equipe chegou, ela começou a trabalhar no ambiente para que o parto ocorresse. Forraram a minha cama, encheram a banheira de água para o parto, acenderam as velas, desligaram as luzes. Eu estava ali com a minha doula ao cheiro de óleo de lavanda e escutando áudios com palavras de afirmação para o parto que escutei durante a gravidez inteira.”

“Naquele momento, minhas contrações já vinham a cada 2 minutos com duração de 1 minuto cada. Estava tudo muito intenso. Eu não tinha pausa entre uma contração e a próxima, mal conseguia recuperar o ar. Virei pra doula e disse que não estava aguentando, que se as coisas continuasse daquele jeito eu pediria para ir pro hospital tomar anetesia. Eu não queria parto hospitalar. Eu não queria anestesia, mas naquele momento eu estava me perdendo.

Consegui me recompor com a ajuda das palavras da doula, das massagens dela e com a ajuda da minha mente, lembrando que eu estava no controle da situação, que o bebê estava chegando e que eu conseguiria passar por aquilo.

Em uma das contrações a bolsa estourou. Um barulho enorme: Pá!!! A bolsa rompeu com tudo e molhou a cama que estava forrada. Era perto de 22:00h.
Naquele momento a parteira apareceu. Estava tudo pronto para que eu entrasse na piscina que estava na sala de casa. Eu entrei na piscina e a minha experiência de parto mudou. Eu era outra pessoa na água. As dores eram muito mais suportáveis. Eu lembro de ter pensado: “Agora sim eu aguento esse parto”. Foi um alívio indescritível. Era hora do expulsivo. Eu senti vontade de empurrar.

Meu marido entra na banheira, começa a fazer massagens na minha região lombar enquanto eu sentia as contrações. Minha doula, do lado de fora da piscina, segurava a minha mão. Minha parteira, analisava os batimentos do bebê e as partes técnicas do parto. Eu não fui analisada pra ver quantos centímetros de dilatação eu tinha. Não havia necessidade. Eu queria empurrar e a minha parteira não estava preocupada se era a hora certa. Ela confiava que o meu corpo sabia fazer aquilo, que sabia a hora de parir. Eu fui muito respeitada.
Escutei a parteira falar com a assistente que o bebê nasceria nos próximos 30 minutos. Aquilo me encheu de força e motivação e ali eu fui forte.

As contrações eram fortes mas bem mais suaves do que as que eu sentia antes de estar na água. E ali, completamente imersa na situação, consciente e ao mesmo tempo inconsciente do que estava acontecendo ao meu redor, eu fiz força. Ele coroou. Eu senti o tal círculo de fogo que dizem que a gente sente, aquele ardor como se algo estivesse queimando.

A cabeça saiu. Estava ali na água. Na próxima contração fiz força de novo e o corpo saiu. Completamente sozinho, sem ninguém puxar. Meu bebê soube nascer. Meu corpo soube parir!”

“A parteira segurou ele na água e levou ele imediatamente para os meus braços. Ele deu um resmungo, mas não chorou. Resmungou só pra dizer: “Olha, tô respirando. Mas tô aqui tranquilo em um ambiente seguro, então não vou chorar”.
Eu segurei o meu menino nos meus braços. Às 22h36 nasceu o Joshua. Eu nasci de novo também.

Fiquei com ele ali na piscina por uns 10 minutos, sem acreditar. Como posso ter tido um parto ativo de apenas 3 horas? Como posso ter conseguido? Ele estava ali. Era mágico, era sublime! Li votos que preparei para ele. Votos de amor com promessas que quero passar a vida toda me esforçando para cumprir.

E ele ali, preso ao meu cordão umbilical ainda. Levantamos da piscina, era hora de parir a placenta. A ideia era sentar no banquinho de parto para esse momento.
Quando saí da piscina, imediatamente a minha placenta escorregou. Caiu! A parteira quase deixou cair no chão porque ninguém estava preparado para esse momento acontecendo dessa forma. Não pari a placenta, ela resolveu sair sozinha.”

Momento mãe

“Me deitei para receber os pontos. O papai cortou o cordão umbilical. Minha doula guardou a placenta para fazer as “coisas de doula” que ela queria com a placenta.
E ali eu fiquei. Deitei na cama, meu menino mamou. Ficou comigo no colo o tempo todo. Depois de mais ou menos 1 hora de nascido, ele foi pesado, medido e analisado. E ali começou a jornada mais especial da minha vida: Ser mãe.

Começou da melhor forma possível, com muito respeito pelo ato sagrado de parir, com muito respeito pela gestante, com muito respeito pelo bebê.
Parir em casa foi a melhor decisão que tomei durante a gravidez. Foi seguro, foi respeitoso, foi acolhedor, foi confortável. Eu consegui. Tive o parto dos meus sonhos. Me senti poderosa naquele momento. “Olha o que eu fiz! Tirei um ser humano de dentro de mim! E de forma 100% natural!”. Me senti a pessoa mais incrível do mundo inteiro. Se eu consegui isso, não tem nada que eu não consiga. Foi o meu sentimento naquele momento.

Eu confiei no meu corpo e ele soube o que fazer. Eu confiei no meu bebê e eu acreditei que ele saberia nascer! E assim foi.
Ele nasceu. Eu nasci. Meu marido nasceu também. A jornada mais incrível da nossa vida tinha acabado de começar. E da melhor maneira possível.”

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Junia Lane