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Perda do Maior Amor

O blog normalmente conta histórias de mamães e famílias em momentos muito alegres e únicos, mas sabemos que muitos casais têm o desejo imenso no coração de formar uma família e compartilhar seu amor com um serzinho que nasce de você mas não conseguem.

Já falamos aqui sobre a infertilidade, gravidez anembrionadadepressão pós parto, insuficiência istmo cervical e entre outras histórias. E tais relatos de perda nos emocionam muito, e acreditamos que podemos nos fortalecer juntas compartilhando essas histórias reais.

Hoje vamos dividir o relato da Jessica, que abriu seu coração para desabafar sobre a perda da sua primeira bebê.

O pior pesadelo

“A gravidez da Yasmin foi super tranquila, não tivemos contratempos e nada que pudesse preocupar. Alguns inchaços nos pés (que achava bem normal) mas eu me sentia super bem, super disposta.
Trabalhei até completar os 7 meses, e quando entrei para a primeira semana do oitavo mês, o médico pediu que eu entrasse com o pedido de licença a maternidade que seria bom descansar nessa reta final.

Um dia qualquer tive um sonho no qual eu entrava em trabalho de parto e a Yasmin nascia sem vida. Acordei sem entender, chorando incontrolavelmente e dizendo pro Caio, meu marido, o que tinha acontecido no sonho. Oramos e nos acalmamos.”

Semanas depois a bolsa rompeu, estávamos dormindo. Levantamos e corremos para o hospital. Naquela semana eu completava 8 meses (36 semanas) de gestação. Nem pensei no sonho que tive há quase 1 mês, a preocupação e a dor eram tão fortes que não dava pra pensar. Eu só queria que tudo passasse e só pedia para Deus que fosse rápido e que Ele me desse força para suportar.

E foi o que aconteceu, entrei às 00h52 no hospital e ela nasceu (sem vida) às 1h23. Entramos direto para a sala de internação para que pudesse examinar antes de me levar à sala de parto. Comecei a sentir muito frio. Me recordo que me trouxeram correndo um cobertor e perguntaram se eu sentia ela mexer. Comecei a sentir mais frio quando disseram bem baixinho: “- não consigo ouvir.”

Me colocaram novamente numa cadeira de rodas para me levar para a sala em outro andar, e foi quando senti uma dor ainda mais forte e só ouvia a enfermeira dizendo, “aguenta que estamos chegando”.

Quando chegamos eu já a sentia nascendo. Eu já não estava em mim, só ouvia as vozes das enfermeiras dizendo:

– “Ela foi forte”

– “Bem pequenininha”

– “Já fazia algumas horas”

– “A placenta saiu inteira”

E, de repente, outra me disse:

– “Você quer segurar?”

Essa foi a pergunta mais difícil da minha vida até hoje. E eu não consegui ver, não consegui me despedir. Não pude, não consegui. E hoje me arrependo, me arrependo por não ter me despedido, por não ter visto seu rosto. Mas ao mesmo tempo fico pensando: e se eu tivesse visto? Me sentiria melhor? Ou ficaria ainda pior?”

Recomeço

“Hoje sou grata por tudo que ela me trouxe. Pelo amor que nos fez sentir, por ter unido nossas famílias que estavam abaladas, por reunir amigos que já estavam distantes e retornaram. Por ter nos dado a chance de sentir esse amor tão imenso por ela que ainda é gigante.

Yasmin fez seu papel grandiosamente, e somos gratos pelo amor. Quem a viu disse que era bem cabeludinha, branquinha e dos lábios grandes (igual ao pai).

No dia em que retornei para casa, minha irmã já tinha tirado tudo do quarto e guardado na casa dela. Eu não conseguia ver as coisas que desabava em choro. Hoje conto isso com amor e sem dor.

Hoje consigo ver tudo que ela nos trouxe: trouxe ainda mais amor e nos fez amadurecer!”

Os planos de Deus

“Por longos anos não me senti pronta. Por longos anos dizia não querer mais tentar, por medo. Medo de não conseguir e medo também de esquecê-la, de deixá-la ir. E quando finalmente me permiti tentar, me abri, conversei sobre ela, Deus me viu pronta. Eu não, Ele!

Ele sempre nos enxerga além de nós mesmos. Deus é tão maravilhoso que nos vê além do que somos e diz: – “Eu sou com vocês!” E me mostrou mais uma vez em sonho que um bebê estava a caminho, mas me mostrava que não era meu. Contei pra minha irmã e um tempo depois descobriu que estava grávida. Em outro sonho meu cunhado segurava dois bebês, uma menina e um menino. E eu pensei, “ué, da Vivi é um só, quem será a próxima?! Rs”.

Mal sabia eu que era a Laurinha a caminho. Então, depois de 6 anos Ele nos enviou a Laura, a criança mais amorosa, carinhosa para me mostrar ainda mais o amor, mostrar como Ele é realmente imensurável.

Deus nos enviou outro presente, não para substituir a falta da Yasmin, mas para nos mostrar que estamos preparados mesmo quando achamos que não. Para nos mostrar que podemos passar por muitas coisas mas Ele não deixa de estar conosco.

Yasmin nos deixou nas 36 semanas de gestação, mas nos deixou uma vida inteira de ensinamentos. Yasmin nos trouxe amor, nos trouxe força, nos trouxe paz.

Gratidão imensa por esse amor, pela nossa Yasmin.”

Veja também:

A perda do bebê Henrique
Relato de Parto da Jessica – Nossa grande aventura Laura

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1 comentário

  1. Linda mensagem. Perdas muitas vezes nao sao faladas com tanto amor assim.
    Tambem perdi meu bebe, mas com 8 semanas de gestacao. Foi muito dolorido. Nao sabiamos o sexo ainda… na verdade nao deu tempo para saber nada, mas no meu interior mudou muito, me amadureceu como pessoa. O chamo de estrelinha. A estrelinha mais brilhante que iluminou a minha vida!

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Junia Lane