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Maternidade e Home Office – Um caso de amor e ódio

Quando o Diego e eu decidimos que era hora de aumentar a família, um dos pontos mais importantes/favoráveis era o fato de eu trabalhar em casa. Imaginamos a facilidade que seria poder estar sempre pertinho do bebê, acompanhado o dia a dia, as novas conquistas e descobertas.

O bendito Home Office é realmente um privilégio, mas não é as 7 maravilhas do mundo. Na verdade, nunca estamos completamente satisfeitos, não é verdade? Mãe que trabalha fora e passa o dia longe da cria sofre, mãe que não trabalha e só cuida do bebê quase sempre é insatisfeita e pensa em como empreender, como ocupar o tempo com algo além de casa e bebê e claro, mãe que trabalha em casa morre de vontade de “não levar trabalho pra casa”, ter final de semana completo e feriados! Ô vida!

Trabalhei até o último dia de gestação. Lembro que fui para o hospital com mil coisas na cabeça e morrendo de medo de como seriam os dias seguintes. Mesmo tendo me organizado bastante para o mês de agosto de 2015, vida de blog de casamento (na época não existia o Lápis de Mãe) é bem dinâmica e não pára nunca, rs. É uma mistura de “muito bom” com “o fim do mundo”. Embora a Junia seja a minha sócia (e irmã) as nossas atividades são muito distintas no blog. Ela não faz o que eu faço e eu não faço o que ela faz (exceto escrever os posts, mas a nossa empresinha vai muuuito além disso!). Consegui 5 dias corridos sem abrir o computador. A Bela nasceu na quarta, sexta fomos para casa e na segunda a nossa assistente já estava a postos, no escritório. Resolvi um monte de coisa com a Bela no peito.

Eu sofri, confesso. 15 dias depois que a Bela nasceu a Junia viajou por 3 semanas e tinha pouco acesso à internet e parecia que o mundo ia desabar. Olho para trás e se tivesse a experiência e tranquilidade que tenho hoje com a Bela, teria sido mais fácil, afinal, ela dormia muitas horas por dia. Mas, o começo é muito pesado. Hormônios à flor da pele, muitas mudanças, rotina alterada, sono atrasado e a insegurança misturada com medo (ainda bem que temos o tal do instinto materno! ufa!). Eu queria ter desligado por 2 ou 3 meses e só pensar na Bela. Na verdade, toda mamãe merece isso. Talvez eu nem conseguisse, mas eu queria ter a possibilidade de escolha. Não foi o que aconteceu.

Quando a Bela estava chegando aos 4 meses e tudo já estava nos devidos lugares e a nossa rotina (sem rotina) formada, eu olhei para ela e agradeci a Deus! Não conseguiria imaginar a cena: ir para o trabalho e deixa-la com babá ou no berçário. Embora essa seja a realidade da maioria das mães no Brasil, não deixa de ser muito dolorida.

Eu digo que o Home Office é um caso de amor e ódio. Desde que a Bela chegou eu tirei poucas sonecas à tarde com ela, mesmo tendo noites mal dormidas. Se for ver, não enche os dedos de uma mão. Quase sempre tenho trabalho acumulado, tenho uma rotina de trabalho de madrugada (isso é péssimo!), almoço correndo e nos dias que falo: “hoje não vou trabalhar”, se fico em casa, trabalho! Quer queira, quer não, o ambiente de casa e trabalho se confundem. Em compensação, fico na cama até mais tarde com a Bela e não tenho hora para começar a trabalhar, vejo a Bela brincando enquanto respondo um e-mail ou outro, ainda consigo amamentar em livre demanda, se ela está doentinha ou chorosa eu paro tudo o que estou fazendo para dar atenção, sou eu quem a faço dormir sempre que estou em casa, encho de beijos e abraços toda vez que vou na cozinha beber água ou no banheiro, muitas vezes escrevo os posts com uma mão e a Bela no colo, mato o trabalho para ir ao parquinho ou ao shopping e acompanho todas as descobertas e conquistas da Bela de pertinho.

Incrivelmente nesse um ano de jornada dupla descobri que consigo realizar e fazer muitas coisas ao mesmo tempo! (ser mulher é bom demais!). Foram diveeeersas produções do blog e muitos projetos concretizados. Os primeiros seis meses, com amamentação exclusiva, eu carregava a Bela comigo sempre. Ela não aceitou o meu leite na mamadeira, copinho ou colher (e acho que eu acabei tentando pouco também). Tive que negar muitos convites, viagens, jantares. Faz parte, não é mesmo? Mas foi o nosso melhor ano, maior crescimento e melhor renda. Olho para trás e nem acredito que consegui realizar tantas coisas especiais e marcantes, e uma delas é o Lápis de Mãe (graças a persistência da Ju!).

Não tenho família perto e nem rola aquela “ajuda da vó”, rs. Meus pais são muito presentes, sempre vem nos visitar, mas moram no RJ, então não posso contar com eles. O Diego trabalha demais, faz MBA e chega tarde algumas vezes. O banho da noite e a hora de brincar antes de dormir é com ele. É o momento que resolvo mil coisas de trabalho ou de casa. A minha grande ajuda é a Sandra. Cuida da nossa casa e da Bela com tanto amor, que nem imagino como seria sem ela. É muito difícil (e quase impossível) dar conta de tudo sozinha.

Quando penso nos pontos positivos e negativos, a balança pende para o lado positivo sempre! Isso me acalma e me faz ter a certeza que estou no caminho certo. Alguns dias são bem corridos, atropelados, mas sempre tiro um tempo (de qualidade) para ficar com ela, sem distrações, celular, tv. Só nós duas! Ainda quero melhorar e ajustar muita coisa por aqui. Não está perfeito, mas o grande objetivo é fazer ser bom e especial mesmo na imperfeição. Não vou conseguir ser a mulher maravilha e nem ter a casa impecável. Fazer a unha toda a semana também não é uma opção, mas os próximos planos são: cuidar de mim (voltar a fazer exercício físico) e descansar a mente com algo que eu realmente goste de fazer, mas que não tem sido possível (ainda).

Por isso, tenho que agradecer a você, Home Office, por me proporcionar tantos dias loucos e intensos, mas incríveis, ao lado do ser mais amado do mundo.

 

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9 comentários

  1. fofura demais essa Bela!!!!
    vivi os dois lados Lore, meu primeiro filho eu trabalhava fora e deixa-lo no berçario era doloroso e sair correndo do trabalho sempre que eles ligavam por conta de uma virose ou Otite, ouvir comentário como ” seu filho só fica doente” ” nao tem outra pessoa pra cuidar dele?” da chefe era surreal… deixei o trabalho qdo ele completou 1 ano e meio. Não vi ele bater palminha pela primeira vez e nem engatinhar 🙁
    Tive minha bb a 10 meses e é outra rotina, trabalho com o q amo e consigo acompanha-la em todas as fases é outra vida … 🙂

    bjo pra vcs!!!!

  2. Como esse texto parece que fui eu que escrevi. Você poderia dar dicas de como é a sua rotina com a divisão entre a Bela e o trabalho! Perfeito!!

  3. Linda mensagem , que com ela você possa inspirar muitas mamães a optarem a fazer a mesma coisa . O futuro te trata a certeza de que vc não está enganada em priorizar esses momentos com tua filha . A sociedade nos cobra muito de também sermos agentes de trabalho , de termos nossas carreiras e sermos independentes , mas não podemos esquecer que quando escolhemos ser mãe , sim escolhermos … Passamos a ter um serzinho totalmente dependente de nós . É a nossa missão se torna maior. Mulheres virtuosas colocam em primeiro lugar a sua família , e Deys abençoa para que tudo fique em seu devido lugar . Parabéns por sua escolha e decisão .

  4. Estou aqui no primeiro dia do ano relendo esse post. Já li tantas e tantas vezes, me vejo nele em cada detalhe. É tão bom saber que não estou sozinha nesse desafio, saber que tem outra mãe empreendedora também enrolada, também dando conta como eh possível, também querendo melhorar tudo. Escreva mais sobre essa experiência. É bom de ler. Um beijo

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Junia Lane